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17.3.10

Bebo porque é líquido...

por Silvio T Corrêa

De pés juntos, ele jura que o Presidente Jânio Quadros disse essa frase. Quem jura? Napoleão Pataca. Diz até que estava presente no momento.

De minha parte não digo que sim e nem que não. Fico de fora nessa.

Mas essa conversa aconteceu porque perguntei se ele, Napoleão, sabia o que é “ressomação”. Você sabe? Peguei você! E não adianta chamar o Aurélio ou o Aulete, porque eles também não sabem.

De início achei que fosse um novo método de ensinar matemática. Algo como fazer a soma 2 vezes para comprovar que o resultado está certo, ou errado. Não era.

Especulando mais, já que ninguém sabia o significado, arranquei fora o prefixo e fui atrás da “somação”. Achei! Fiquei contente, mas por pouco tempo.

“Variação morfológica não hereditária; modificação somática”, é a definição do Aurélio. – OK! Modificação do corpo! Mas por que, diabos, tem o “re”? Resolvi deixar esse imbróglio para o pessoal da etimologia.

Agora – eu, pelo menos, só soube agora – o pessoal verde inventou um modo ecológico de “descansar” o defunto. A ressomação.

Simplificando, o sujeito vira líquido. E se passar por um processo de purificação dá até pra bebê-lo.

Bem, era sólido, depois virou pó e depois virou líquido. Só falta o gasoso, que o Napoleão já disse que vai patentear com o nome de “gás harmonioso”. Portanto, quem já pensou nisso, trate de correr, pois ele já está trabalhando no invento e, diz, só falta pressurizar o vapor numa embalagem, para que a família possa guardar de recordação.

Já sei, está pensando que é gozação minha. Não é não! Entra no Google e digita: ressomação. Viu? Eu falei, não falei?

Imagino o ministro encomendando o corpo. “Terra à terra, cinza às cinzas, pó ao pó e porque não dizê-lo, também, água à água”.

Não tenho nada contra virar líquido. Ao contrário, parece ser natural, pois dizem os que conhecem, que somos compostos de 73%, um pouco mais um pouco menos, de água. Assim, imagino ser mais fácil a transformação em líquido do que em pó.

Se o corpo de um adulto carrega 45l de água, quanto será que vão devolver aos entes do extinto – nunca um sinônimo se aplicou tão bem?

Sim, porque vai ficar estranho se entregarem apenas uma garrafinha.

– Amigo, cadê o resto da minha tia?

– Só deu isso aí.

– Pode parar! Tá guardando pro banho ou pra beber?

Por enquanto eu não escolho nada. Nem pó, nem líquido e muito menos o tradicional. Napoleão já disse que assim que patentear o invento dele, faz questão que eu seja seu cliente.

Cruz-credo!

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14.3.10

O Pãozinho

por Silvio T Corrêa

Bem, começo essa crônica me transportando à minha adolescência – naquela época não tinha “aborrescência” – no Rio de Janeiro. Primeiro no Méier e depois na Tijuca.

Minha boca enche d´água ao lembrar dos pãezinhos franceses e da bisnaga. Crocante, macia e com uma bela orelha, que junto com o bico eram disputadíssimos. Aquilo era pão!

No Méier, a padaria era na Rua Coração de Maria esquina com Rua Castro Alves. Na Tijuca eram duas: uma na esquina da Rua José Higino com a Av. Conde de Bonfim e a outra, na mesma José Higino, esquina com a Rua Antônio Basílio. Claro, e a inesquecível São Sebastião na Praça Saens Peña.

Talvez digam que esqueci da Padaria Fidalda, mas sempre a tive “em alta” para os doces e salgadinhos, como a “falecida” Confeitaria Gerbô e a inigualável torta de caramelo e o risoles de queijo.

E o pãozinho careca? Que saudades! – Mas desse eu não vou nem falar pois, parece, nem no Rio existe mais.

Sempre tive o café da manhã como principal refeição. Nem tanto pelo alimento, mas pela presença de todos à mesa. Depois, era cada um para o seu lado. Mas o pãozinho francês, delicioso, sempre esteve presente e enaltecia a reunião matutina.

Aliás, pão sempre foi uma paixão minha. Tenho livros de como fazer pão, várias receitas, mas confesso que nunca “acertei” o pãozinho francês. Dizem que é por falta do spray de água que existe nos fornos industriais. Sei lá.

Portanto, eu me gabo em dizer, muito tranquilamente, que eu sei o que é um bom, belo e delicioso pão francês.

Dizem que o pão francês é português e no Rio, são raras as padarias que não são de portugueses. Em São Paulo, parece que começou com os italianos, mas os portugueses acabaram por tomar conta.

Quando vim morar em São Paulo – primeiro no interior e depois na Grande São Paulo – curti uma certa euforia por sempre ouvir falar das padarias “por aqui”. Só depois vim saber que “por aqui” também estavam os portugueses e suas padarias.

Em quinze anos vivendo no estado “locomotiva”, ainda não encontrei o pãozinho francês, com regularidade, que me desse prazer em comê-lo, saboreá-lo. Quando encontro, é porque o padeiro errou.

“Ah seu moço. Por aqui todos gostam de pão grande.” – Disseram e dizem as atendentes de padaria.

Não sei qual o prazer um comer um pãozinho francês grande, inchado, pesado, sem gosto e sem orelha. Sim, sem orelha – a chamada “assinatura do padeiro” –, só aquela superfície lisa, sem graça.

Até pensei que quando o pão passou a ser vendido por quilo, ao invés de unidade, que fosse melhorar. Nada! Parece que povo já estava viciado no pão inchado e sem graça.

O que parece, pela qualidade do pão – oco por dentro e casca quebradiça –, é que o tal do bromato continua a fazer das suas, se metendo sorrateiramente, na calada do descanso, na massa em repouso tranquilo.

As vezes, como em janeiro que passou, encontro uma padaria que deve ter instalado um sistema antibromato. O pão, em todo dia e a qualquer hora, sai do mesmo jeito. Com a mesma cara bonita, tamanho regular, apetitoso.

Encontrei em Itatiaia, uma das últimas cidades fluminenses da Dutra, antes da divisa. Não pestanejei. Comprei 30 pães e trouxe para congelar. A diferença é tão grande que mesmo depois de 4 horas de viagem, com o sol batendo forte, o pão chegou melhor do que o fresquinho, ao lado de casa.

Tenho pensado em investir numa padaria ou num forno de padaria, só para comer um pão francês que preste, ou então vou fazer como o americano e comer, apenas, pão de hambúrguer.

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